Bastante se fala em Mixagem na internet. Existem fóruns e páginas sobre o assunto em toda parte da rede. Mas será que é possível dominar essa arte? A resposta é sim e, nesse post, temos um guia completo para você dominar a Mixagem de vez.
Muitas são as dúvidas, quando se fala em Mixagem. Qual a forma certa de fazer, por onde começar, que tipo de equipamento ou plugin usar? Todas essas dúvidas podem desmotivar, sobretudo quem está começando a trabalhar com áudio.
Por isso, muitos buscam uma formula mágica para sua Mixagem ou desistem de fazer seus próprios trabalhos. O fato é não existe fórmula mágica para uma boa Mixagem. O que existe são técnicas e caminhos que qualquer pessoa é capaz de desenvolver com estudo.
O que traremos nesse post é um guia, um caminho que indicamos, com as etapas da Mixagem. Essas etapas não são uma regra, mas uma sequência comum, usada pela maioria dos produtores pelo mundo.
Mas o que é a Mixagem de fato?
Mixagem é um termo abrasileirado para “Mix”, do Inglês, que significa mistura. Quando realizamos o processo de gravação, as tracks ficam separadas, com volumes diferentes, sonoridades diferentes e outras características que as fazem soar de forma individual.
Por isso, é necessário fazer ajustes que irão misturar as tracks, fazendo tudo soar junto, como um áudio só. Assim, a música vai ficar confortável de se ouvir e vai criar um ambiente agradável.
A Mixagem é o processo realizado depois da edição do áudio. É necessário entender a diferença entre esses dois processos para não confundí-los. Na edição de áudio, serão realizadas correções de gravação, ou seja, ajustes nas waves, como cortes, sincronização etc.
A Mixagem, por sua vez, é a fase de tratamento do áudio. Nessa fase, o produtor vai melhorar a sonoridade de cada track, aplicando equalizadores, compressores e outros efeitos que irão fazer tudo soar mais bonito, brilhante e homogêneo.
Se você quer entender mais sobre edição de áudio, temos um artigo completo sobre esse tema para você dominar as técnicas necessárias de edição. Assim, você já vai começar a fazer sua mix com o áudio todo certinho e não vai precisar fazer outras correções depois.
Etapas da Mixagem – Um passo a passo que tem funcionado no mundo todo
Após realizar todas as edições e ajustes necessários no áudio, você está pronto para começar a mixar sua música. Para facilitar o processo, é importante ter um norte, um caminho a seguir para não se perder.
Primeiramente, é preciso definir uma ordem. Geralmente se inicia a Mixagem pela bateria e percussão, a chamada cozinha. Em seguida, trabalha-se os instrumentos de corda, depois teclas até chegar aos vocais.
Isso não é uma regra, você pode começar a realizar a mix por qualquer parte, mas é bem provável que precise refazer alguns reajustes no final. Essa ordem comum existe porque a bateria é um instrumento com muitas partes que precisam soar como uma só. Além disso, a bateria é a base da música, comanda o ritmo e o andamento.
Depois que a bateria estiver pronta, as outras tracks serão trabalhadas com base nela, ou seja, deverão estar de forma equilibrada com a bateria, mantendo o nível de volume e ambientação aproximados.
Definida a ordem das tracks, vamos às etapas da Mixagem propriamente dita. Seguimos a ordem mais comum adotada por praticamente todos os produtores e engenheiros de áudio do mundo. Seja em Studios analógicos ou em Home Studio, com recursos digitais.
As etapas a seguir serão aplicadas a todas as tracks, avaliando a necessidade de cada track. Pode ser que, ao longo do processo, você não sinta a necessidade de colocar alguns efeitos de forma individual. No entanto, o processo em si serve para qualquer instrumento na música, incluindo a voz.
1. Limpeza do áudio – Remoção de ruídos e vazamentos captados na gravação
Antes de começar a tratar o áudio na Mixagem em si, é necessário limpar as tracks, removendo ruídos e vazamentos de áudio de umas tracks nas outras. Esses vazamentos são muito comuns em gravações de bateria, pois são usados vários microfones para captar as peças.
No entanto, há outros ruídos que aparecem na gravação, principalmente se gravado em Home Studio, já que não se possui o isolamento acústico adequado. Por isso, é necessário remover esses ruídos e vazamentos das tracks antes de começar a aplicar os efeitos.
A forma mais comum de realizar essa limpeza é por meio dos Noise Gates. Um recurso que funciona como uma porta, como o nome já diz (noise gate = portão de ruído), que vai impedir a passagem de sons indesejados.
Ao aplicar o Noise Gate, você determina a partir de quantos dB o áudio vai ser ouvido ou cortado. É importante ter cuidado para que o Gate não corte uma quantidade muito alta de decibéis. Caso isso ocorra, você pode cortar partes da música que tem uma dinâmica mais baixa.
A dica é ir testando e ouvindo todas as partes da track, até que tudo fique livre de ruídos, mas sem perdas importantes.
2. Corte de sibilância – Sem sons exagerados de “S” e “CH” na Mixagem
Outra coisa que incomoda muito em uma gravação é aquele som estridente de “S” e “CH” muito comum em gravações de voz e overheads de bateria. Geralmente isso ocorre pela forma de cantar do vocalista ou pelo tipo de pratos da bateria.
Porém, esses sons, chamados de sibilância, também podem existir se os microfones usados foram mais agudos ou se houver uma pré equalização exagerada de agudos. Enfim, vários fatores podem gerar esses sons chatos.
Não é impossível eliminar a sibilância na hora da equalização, porém, um corte alto de agudos pode fazer a track soar muito média, o que não é agradável. Por isso, o ideal é remover a sibilância antes de realizar a equalização na Mixagem.
Isso é fácil de fazer com os DeEssers. Um equipamento ou plugin que atua diretamente na sibilância, removendo os exageros desses sons. Assim, você não corta demasiadamente os agudos no equalizador e pode realizar as próximas etapas da Mixagem de forma livre e mais eficiente.
3. Equalização – Equilibrar as frequências é o primeiro passo para uma boa sonoridade
Após a limpeza e a remoção de sons indesejados nas tracks, começamos a Mixagem em si. É mais comum começar a tratar o áudio pela equalização, seja de forma analógica ou digital.
É importante falar dessa diferença, pois, geralmente, a Mixagem analógica ocorre antes da gravação, já que o sinal de áudio passa por todos os equipamentos antes de ir para a DAW. Isso também vale para as etapas anteriores.
No caso da Mixagem digital, realizada por meio de plugins, é mais comum que seja feita após a gravação. Claro que isso também não é uma regra, ou seja, você pode realizar sua mix antes de gravar. No entanto, não será possível realizar mudanças no áudio gravado.
Voltando à equalização, nessa etapa, será realizada a correção das frequências. A equalização é o processo que busca o equilíbrio das frequências no áudio. Isso é necessário porque o som pode ter frequências soando mais altas do que as outras.
Isso ocorre por vários fatores, entre eles o ambiente, os equipamentos, instrumentos e microfones. Por isso, é necessário equilibrar as frequências para que tudo soe no mesmo nível. Assim, o áudio vai ficar mais agradável, permitindo que todos os elementos sejam ouvidos claramente.
É possível usar mais de um equalizador na mesma track. Dessa forma, você pode isolar algumas frequências e trabalhar outras de forma mais livre, chegando a resultados muito satisfatórios.
4. Compressão – A forma de controlar a dinâmica durante a Mixagem
Com todas as frequências equilibradas, agora passamos à etapa da compressão. Nessa etapa, vamos controlar a dinâmica da gravação, tornando tudo mais equilibrado sem partes da música soando mais altas ou notas se destacando.
Na prática, o compressor cria uma parede que limita as partes da wave que passarem. Por exemplo, numa gravação de guitarra, é natural que algumas palhetadas sejam mais fortes que outras. Assim, algumas notas saem mais altas e se destacam das demais.
Com a compressão, essas notas são corrigidas e tudo ecoa por igual. Dessa forma, a guitarra vai soar equilibrada em toda a gravação. Isso se aplica a todos os instrumentos e também à voz. Afinal, a dinâmica está presente em todas as partes da música.
Assim como os equalizadores, pode-se usar mais de um compressor durante a Mixagem. Com isso, você pode configurar meios diferentes de compressão, uma para barrar as notas mais altas e outra para equilibrar o que passar da primeira.
Outra função dos compressores que é bastante útil é a função limiter. Com ela, é possível controlar os picos de áudio sem alterar muito a dinâmica da gravação. Muitos produtores preferem adicionar o limiter no final da cadeia de efeitos, mas é uma boa opção fazer isso já na compressão e adicionar limiters apenas na Masterização final.
5. Ambientação – Dando mais beleza ao som na Mixagem
Depois que a sonoridade de cada track já está devidamente ajustada, é hora de dar beleza ao som. Essa parte da Mixagem é o que chamamos de Ambientação. A forma mais comum de criar ambientação é aplicando reverbs e delays em cada track ou em “busses” de Mixagem, os chamados “sends”.
Primeiramente, vamos falar da ambientação individual, na qual os efeitos são inseridos nas tracks. Nesse tipo de ambientação, você vai aplicar em cada track o efeito que deseja para criar o ambiente, geralmente reverb e delay.
É inevitável que cada track fique com uma ambientação diferente, pois não dá para replicar tudo exatamente igual em tracks com sons e dinâmicas diferentes. Porém, não dá para dizer que isso não funciona.
Esse é o principio da ambientação natural, por exemplo, processo cuja reverberação é captada diretamente da sala. Assim, cada track vai ter uma reverberação diferente.
Já na ambientação por sends, são criadas tracks para cada efeito. Depois disso, o sinal de cada track é direcionado para as “busses”, sendo possível controlar quanto de sinal passa por elas e, consequentemente, quanto de efeito a track vai receber.
Essa técnica acaba sendo mais agradável por criar um ambiente só para todas as tracks, como se a banda tivesse gravado junta na mesma sala. Isso é muito utilizado em mixagens de gravações ao vivo.
6. Outros efeitos – Dando mais uma incrementada em algumas tracks
Essa etapa, muito provavelmente, virá antes da ambientação. No entanto, colocamos depois por se tratar de uma peculiaridade da Mixagem que vai ocorrer, ou não, dependendo do gosto de cada produtor.
Na fase da Mixagem, são aplicados efeitos extras, como saturação, side chains, efeitos eletrônicos, etc. Coisas que podem ser feitas no processo de Masterização ou que são tão característicos que ocorrem com pouca frequência.
Por exemplo, a colocação de um efeito de voz de robô em algum trecho da música ou um violão que soa de forma um pouco distorcida, buscando uma sonoridade mais vintage. São exemplos de efeitos que só serão aplicados em determinados estilos ou a gosto do produtor.
No entanto, não podíamos deixar de mencionar essa etapa da Mixagem, na qual o produtor faz um papel de artista, trazendo características únicas a cada produção.
7. Ajuste de volumes – Tudo soando no mesmo nível
Agora que cada track está com a sonoridade e as características desejadas, o próximo passo da Mixagem é o ajuste dos volumes, para que tudo soe no mesmo nível. É natural que após as etapas anteriores da Mixagem, as tracks fiquem com volumes muito diferentes.
Afinal, cada efeito adicionado aumenta o ganho de cada canal. Além disso, as características naturais de cada instrumentos causam essas diferenças de volumes. Sendo assim, é necessário compensar essas diferenças ajustando os volumes na própria DAW, como em uma mesa de som.
Uma boa forma de fazer isso é acionar o MUTE em todos canais e ir soltando um a um, ajustando o volume de cana canal liberado com base nos anteriores.
Por exemplo, com tudo mutado, você libera as peças da bateria e ajusta os volumes de cada peça para tudo soar no mesmo nível. Depois disso, abra o canal do baixo e regule o volume de acordo com a bateria. Depois faça o mesmo com as guitarras e assim sucessivamente com cada canal.
Outra forma de nivelar bem os volumes é ouvir a música com os monitores bem baixos. Dessa forma, fica bem mais fácil perceber um canal que está se sobressaindo aos demais e ajustá-lo.
8. Correções e ajustes finais – Passando um pente fino na Mixagem
Depois de tudo pronto, é importante dar uma última checada na Mixagem. Passar um pente fino para que nada fique para trás. Afinal, qualquer defeito vai ser evidenciado quando a música for masterizada.
Uma boa forma de checar tudo é com um analisador de espectro. Com ele, você vê na tela como cada track está se comportando na Mixagem e ajusta o que for necessário pra ficar tudo perfeito.
Outra dica interessante é ouvir a gravação em aparelhos diferentes. Mas pra que fazer isso? Simples, os monitores de studio e os fones usados para Mixagem são 100% flat, ou seja, não ressaltam nenhuma frequência.
Por isso, é importante ouvir em outros equipamentos, para ter certeza de que não é necessário realizar nenhum ajuste, sobre tudo na equalização. Vale a pena fazer isso para ter a certeza de que está tudo OK.
Considerações finais
Enfim, está feita a mixagem da sua produção. O próximo passo é a Masterização para deixar com a qualidade que o mercado exige, mas isso é assunto para outro post.
É muito importante que cada etapa da Mixagem seja realizada com muita atenção, cuidado e paciência. Do contrário, você terá que ficar voltando e refazendo tudo. Entenda que esse processo não é dominado da noite para o dia. É necessário ir assimilando tudo aos poucos.
Outra coisa muito importante é treinar os ouvidos. Para isso, busque uma referência, ouça músicas dos seus artistas favoritos, com a sonoridade que você deseja alcançar e estude, Isso é o mais importante, estudar e estudar mais.
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