Quando se fala em Mixagem de áudio, já se imagina um monte de equipamentos ou plugins em cadeia, processando o som. Mas será que basta encher a track de efeitos e está tudo perfeito? Certamente que não. Nesse post vamos falar sobre o Equalizador, um dos primeiros efeitos usados na mixagem.
O Equalizador, geralmente, inicia a cadeia de efeitos, quando falamos em Mixagem propriamente dita. É comum que apareça algum plugin ou equipamento como um gate ou um noise reducer antes do Equalizador. No entanto, essas ferramentas não alteram o som, apenas removem os ruídos.
Para que você entenda bem a função do Equalizador na Mixagem, é necessário entender primeiro a Mixagem em si. Para isso, criamos um guia completo sobre Mixagem para você dominar de vez essa arte. É só clicar aqui e ler agora mesmo, mas não esquece de voltar.
Depois de ler nosso guia completo e dominar a Mixagem, você está pronto para se aprofundar no processo de equalização. No entanto, para que você entenda como usar o Equalizador corretamente na Mixagem, é preciso saber em que parte ele atua no áudio. Então vamos lá.
Entendendo as frequências – O que são e em quê influenciam?
Vamos falar um pouco sobre física relativa ao som. O som é captado pelo nosso ouvido devido às vibrações conhecidas como ondas sonoras que se propagam pelo ar. Para medir o som utilizamos as frequências.
Mas, o que é frequência? A frequência é uma grandeza física que usamos para identificar os sons, dos mais variados timbres. É por meio das frequências que identificamos os sons mais graves ou mais agudos e é com elas que o Equalizador trabalha.
A unidade de medida relativa à frequência é o Hertz (Hz). Os Hertz indicam a quantidade de ciclos ou oscilações sonoras. Simplificando, quanto maior a quantidade de Hertz, mais agudo o som. Quanto menor a quantidade, obviamente, mais grave será o som.
O numero de frequências é infinito, mas não conseguimos ouvir todas elas. O ouvido humano é capaz de captar frequências entre 20 e 20.000 Hz. Um equalizador gráfico, independente da quantidade de bandas trabalhará dentro dessa faixa de frequências.
Faixas de frequência – A base do Equalizador
Com uma amplitude tão grande de capacidade do nosso ouvido para captar frequências, podemos afirmar que é impossível criar um equipamento ou plugin que seja capaz de trabalhar com cada Hertz que ouvimos.
Para tornar possível a equalização, foram criadas as faixas de frequência, ou seja, intervalos com determinadas quantidades de Hertz para se trabalhar. Assim, podemos adequar o som para torná-lo mais agradável, elevando ou reduzindo as faixas de frequências captadas na hora da gravação.
São cinco as faixas de frequências mais comuns no Equalizador. Vamos falar sobre elas. Lembrando que a quantidade de Hertz determina se o som será mais grave ou agudo. Então, vamos à nomenclatura do Equalizador.
Iremos usar como exemplo o Plugin H-Eq Hybrid da Waves, pois ele é bastante completo e traz as principais faixas de frequências de que trataremos a seguir.
Graves
Os graves representam a primeira faixa de frequências do Equalizador. No geral, consideramos faixa de grave as frequências entre 60 Hz e 200 Hz. Os graves se caracterizam pelo som mais forte, pesado, vibrante. Aquele som que faz tremer o chão e as coisas caírem da mesa.
Em relação à música, é mais comum identificarmos os sons graves nos bumbos de bateria, nos baixos, nas primeiras oitavas do piano e em outros instrumentos semelhantes. Quando elevamos os graves no Equalizador, geralmente valorizamos o som desses instrumentos.
Médios Graves
Subindo um pouco a quantidade de Hertz, temos os médios graves. Nessa faixa, o som ainda é pesado e vibrante. No entanto, é possível ouvir de forma mais clara, criando mais forma. A faixa de médios graves está entre 200 Hz e 500 Hz.
Musicalmente falando, os médios graves também tem a presença do bumbo da bateria e dos outros instrumentos anteriormente citados. Mas, aqui começamos a sentir a presença de outros elementos, como as outras partes da bateria, e outros instrumentos como guitarras, teclados e até a voz.
No Equalizador, elevamos essa faixa de frequência para dar mais clareza aos graves. É como se estivéssemos abrindo o som para deixar sair o que queremos ouvir.
Médios
Aqui temos a faixa mais marcante de frequências, a que se propaga mais longe e tem maior volume. Podemos dizer que os médios são o som principal, pois, além de estarem no meio do Equalizador, reproduzem praticamente tudo na gravação de áudio.
Na Mixagem, os médios são a frequência mais complicada de se trabalhar. É nessa faixa do Equalizador que os sons se misturam mais. Por isso, é importante ter cuidado para não tirar demais e deixar o som opaco ou elevar muito deixando irritante.
Essa faixa de frequências está entre 500 e 2 KHz, uma amplitude consideravelmente maior em relação às faixas anteriores, ou seja, mais espaço para trabalhar com o Equalizador.
Médios Agudos
Aqui começamos a sentir o som mais brilhante, claro, cristalino. Os médios agudos estão entre 2 e 5 KHz, o que significa uma quantidade ainda maior de frequências para se trabalhar no Equalizador.
Um instrumento que comumente se ouve nessa faixa de frequências é a guitarra, sobretudo as de captação single, que valorizam os médios e médios agudos.
Na Mixagem, essa área do Equalizador valoriza os sons com mais brilho, como pratos de bateria, guitarras, strings e a voz. A partir daqui, é possível perceber mais beleza na sonoridade. No entanto, é necessário ter sensibilidade para realizar uma boa equalização.
Agudos
Por fim, chegamos à ultima das faixas de frequências mais trabalhadas no Equalizador, os Agudos. Numa faixa de 5 a 10 KHZ, os agudos valorizam o som mais fino, brilhante e leve da equalização.
Nessa faixa, são mais perceptíveis os sons reverberantes e reflexivos, como sons de “S” e “CH” na voz, os pratos mais agudos da bateria e os instrumentos de timbre mais elevado, como violinos, gaitas e similares.
Pare se equalizar bem os agudos, é necessário que todas as faixas anteriores estejam equilibradas, pois, nessa parte, vamos valorizar o brilho máximo da sonoridade, então é importante ouvir com calma e cuidado.
Super Graves e Super Agudos – Cortes do Equalizador
No Equalizador que usamos como exemplo, temos mais duas bandas de equalização, os super graves, que estão abaixo de 50 Hz, e os super agudos, acima de 10 KHz. Nessas faixas de frequências, o som é praticamente incompreensível.
No caso dos super graves, geralmente ouvimos apenas uma vibração pesada, sem definição mínima e com uma ressonância difícil de controlar. Já os super agudos, deixam o som estridente e irritante, mais parecido com um chiado do que como som em si.
Por essa razão, essas faixas são cortadas ou atenuadas quase sempre na mixagem. Em um Equalizador com mais bandas, a exemplo dos equalizadores gráficos, pode-se trabalhar com uma gama maior abaixo dos 60Hz e acima dos 10 KHz.
Mas, para que isso soe bem, é necessário que a gravação tenha sido realizada em uma sala muito bem tratada acusticamente.
Com o passar do tempo e a melhoria da tecnologia, ficou mais fácil trabalhar com essas frequências. Com isso, passaram para seis as faixas de frequências mais comuns. O que era considerado super grave passou a ser chamado de sub grave. Já os super agudos deixaram de ser considerados e os agudos foram estendidos até 20 KHz.
Usando o Equalizador na Mixagem
Agora que você entende como cada faixa de frequência se comporta no Equalizador, vamos à sua aplicação no processo de Mixagem.
Pode-se dizer que a forma correta de se usar o Equalizador na Mixagem é ouvindo com cuidado. Você deve estar pensando agora que isso é regra para qualquer parte do processo de Mixagem e sim, você está certo.
No entanto, o Equalizador inicia a cadeia de efeitos da Mixagem, na maioria dos casos. Então, o que é feito aqui afeta tudo que vier a seguir.
Por exemplo, se você fizer uma equalização muito média, os picos de médio ficarão bem claros. E, para resolver isso na compressão, você põe em risco a sonoridade das demais faixas de frequências. Assim seu som vai ficar sem brilho e sem peso.
Uma boa dica, é usar mais de um Equalizador e trabalhar com faixas isoladas de frequências. Ou então realizar a equalização em um deles e utilizar o outro apenas para fazer o corte das frequências indesejadas. Essa técnica é muito utilizada na Mixagem de voz.
O fato é que não existe uma regra absoluta para a utilização do Equalizador. Mas, existe um caminho mais assertivo. Sem dúvidas, é importante treinar o ouvido para reconhecer as faixas de frequências e sentir o nível de alteração causado pelo Equalizador na Mixagem.
Considerações finais
É fato que todo o processo de Mixagem exige experimentação. Afinal, o que é bom para alguns produtores pode soar bem ruim para outros. No entanto, existe um caminho mais assertivo, seguido pela maioria dos produtores e engenheiros de áudio no mundo todo.
Com o Equalizador não é diferente. Seja com equipamentos analógicos ou Plugins digitais, o Equalizador segue o mesmo princípio, o equilíbrio das frequências. A forma mais correta de usá-lo, portanto, é treinando o ouvido e reconhecendo as frequências.
Uma forma de encurtar esse caminho é seguindo quem tem experiência no processo de Mixagem. Assim, você vai repetir os acertos e evitar os erros cometidos e, com o tempo, criar sua própria forma de realizar o processo.
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