Uma das primeiras etapas quando se fala em Mixagem, é a Mixagem de bateria. Pode-se dizer também que é a etapa mais importante da Mixagem, porque é a bateria que comanda a música, de forma geral. Ter uma batera soando bem, certamente, vai facilitar a mix dos outros instrumentos.
Nesse post, traremos um passo a passo para você ter um bom resultado na Mixagem da sua bateria. No entanto, é importante que você já entenda o processo de Mixagem como um todo.
Para isso, criamos um guia completo sobre Mixagem para você dominar essa arte. Sugerimos a leitura a fim de que seu conhecimento sobre o assunto seja ainda maior e você compreenda bem o passo a passo que criamos para a Mixagem de Bateria.
Agora que você já entende tudo sobre Mixagem, vamos à Mixagem de Bateria, que é o tema desse post. É importante salientar que o que mostraremos aqui não é uma regra absoluta, mas um passo a passo que funciona para a maioria dos produtores.
Portanto, na prática, você pode modificar o processo a seu gosto, para realizar a Mixagem à sua maneira. O que importa é chegar a uma boa sonoridade.
Antes de tudo, busque uma referência, uma música com o som de Bateria que você deseja alcançar. Assim, você já direciona seu ouvido para o objetivo, ao invés de ficar experimentando várias formas até chegar à que deseja. Vamos ao trabalho!
1. Criando os canais de Buss – O incremento final da sua Mixagem
A primeira coisa a se fazer é criar às Busses para adicionar os efeitos finais da Mixagem. Mas o que são as Busses? Buss é uma track de receiver, ou seja, um canal que vai receber o sinal de outros canais e enviá-los para a master track da DAW.
O título acima diz claramente que esse é o incremento final da Mixagem, então por que esse é o primeiro passo? Simples, criando os canais de receiver agora, você não vai precisar voltar a todos os itens da bateria no final para enviá-los às Busses.
Durante a Mixagem de cada item, você já pode enviar o sinal para as tracks de efeito. Assim você ganha tempo e evita retrabalho.
Sugerimos que, inicialmente, você crie as tracks de efeitos, como reverbs, delays etc. Essas tracks serão usadas tanto para a Mixagem da bateria quanto para outros instrumentos ou a voz. Tudo depende da ambientação que você deseja criar para a música como um todo.
Crie uma track para cada efeito e adicione o plugin desejado a ela. Depois é só enviar o sinal das tracks desejadas.
A próxima Buss a ser criada é a de compressão geral da Bateria. Crie uma track e a nomeie como “Comp Bateria” ou algo similar. Adicione um compressor a essa track e deixe-o em bypass. Daqui a pouco você entenderá a função dela. Vamos ao próximo passo.
2. Direcionando o sinal – Hora de criar o caminho que a batera vai seguir
Agora que você já criou as tracks de receiver, é hora de começar a usar. Esse passo tem foco na Buss de compressão, pois o objetivo dela é comprimir a Bateria de forma geral na Mixagem e enviar o sinal comprimido para a master.
Faça o roteamento das peças da Bateria para a Buss de compressão que você criou anteriormente. Como o efeito está em bypass, você não sentirá diferença nesse momento.
Para que o efeito funcione bem, elimine o envio do sinal de cada peça para a master, deixando-as somente na Buss. Se você não fizer isso, haverá dois sinais das peças da Bateria chegando na master, um com compressão e outro sem. Isso vai ser um problema no final da Mixagem.
Não faça o envio para as Busses de efeito ainda. Os efeitos podem confundir a sonoridade na hora de equalizar e comprimir peça por peça. Se preferir, você pode fazer o roteamento, mas deixe em bypass no primeiro momento.
É importante lembrar que, no caso dos efeitos, não é necessário retirar o sinal da master track, pois eles servem como embelezadores finais e serão nivelados para não soarem exageradamente.
3. Bumbo – Iniciando a Mixagem de fato
Agora sim vamos colocar a mão na massa. Começando pelo bumbo, para você marcar a presença da bateria na Mixagem. Com o bumbo soando bem e com volume adequado, é só fazer as outras peças chegarem e ir montando, como um quebra-cabeça.
A Mixagem do bumbo, pode ser considerada a mais simples, pois não necessita de muitos efeitos. Basta equalizar bem e comprimir para já ter uma boa sonoridade. No entanto, você é livre para adicionar mais algum efeito que desejar, como um saturador, por exemplo.
Na fase da equalização, tenha em mente qual som de bumbo você deseja ouvir. Se busca um som mais opaco, profundo e sem brilho, corte as frequências mais agudas e valorize os graves.
Mas, se você deseja ouvir um bumbo mais brilhante e “na cara”, corte as frequências mais graves e vá dando brilho nos agudos. Tome cuidado com as frequências médias, pois elas podem deixar o som mais sujo. Mas, isso depende também da gravação. É só ir ouvindo e ajustando.
Na compressão, você vai trazer o bumbo mais pra frente. Uma boa dica é usar um attack mais lento, para permitir a passagem do kick. Já o release, recomendamos que seja mais longo. Assim você não corta o som antes de o bumbo ressoar bem.
Para finalizar, faça o send do bumbo para os canais de efeito, ajustando o volume para que ele não perca a sonoridade e não fique parecendo estar muito no fundo. O seu ouvido dirá o nível certo.
4. Caixa – Segunda peça do quebra-cabeça
Seguindo a ordem de peças marcantes da Bateria, vamos à Mixagem da caixa. Afinal, quando se fala em bateria, os primeiros sons que vem à cabeça são do bumbo e da caixa. Então vamos lá.
Geralmente, se busca uma caixa mais marcante, forte e que seja ouvida claramente entre todas as demais peças. Um problema comum na gravação da caixa é a sobra de esteira que ocorre pela vibração do bumbo ou dos tons.
Nesse caso, você pode iniciar a Mixagem da caixa adicionando um Gate para eliminar essa sobra. Em seguida, vamos à equalização que ocorre de forma semelhante à do bumbo, com base na sua referência.
Para uma caixa mais suave, você pode atenuar as frequências médias, pois é nos médios que está o ataque da baqueta. Para que o som fique mais aberto, eleve um pouco os agudos e dê um “up” nos graves para deixar o som mais encorpado.
No entanto, você pode fazer configurações diferentes dessas que indicamos. Vai depender do som que você busca. Caso queira, você pode adicionar mais efeitos antes da compressão, como um divisor ou frequências para deixar a caixa mais espacial, por exemplo.
No caso da compressão, é recomendável fazer algo próximo à compressão do bumbo, mantendo a dinâmica da caixa, apenas com um pouco mais de ganho, para dar mais presença. Se desejar, adicione outros efeitos, como saturação ou outro efeito desejado.
Por fim, faça o send da caixa para as Busses de efeito, de forma semelhante à do bumbo. No caso da caixa, um pouco mais de reverb pode soar bem. Vale a pena experimentar.
5. Tons – O meio de campo da Bateria
Os tons são o meio de campo da Mixagem, tirando as diferenças de afinação, eles soam de maneira semelhante. Dessa forma, pode-se realizar a mix ao mesmo tempo, ajustando apenas a equalização para valorizar as notas emitidas por cada um.
Um ponto chave na Mixagem dos tons é regular as frequências médio graves (entre 80 e 300 Hz) para que eles não fiquem com um som parecido com o de um balde, algo bem comum, sobretudo, em afinações mais agudas.
Fora isso, a equalização será semelhante para os três, seguindo a ideia de mais agudo para ter mais brilho e mais grave para deixar encorpado.
No caso da compressão, o mesmo se aplica. Como estamos falando de peças semelhantes, a compressão será praticamente a mesma, podendo apenas aumentar o ganho de um ou outro para nivelar a saída.
Por fim, uma leve adição de efeitos para criar a ambientação e já podemos passar para a Mixagem dos pratos da bateria.
6. Hi-hat (Chimbal) – O segredo para um som limpo na Mixagem
O Hi-hat desenvolve o swing da bateria, então é importante que ele soe limpo e claro na Mixagem. Para isso, é necessário estar atento na hora de realizar a equalização, pois a sonoridade deve passear entre as outras peças sem embolar.
Como as peças anteriores estão com o ataque mais acentuado, uma boa dica é suavizar o chimbal. Assim a bateria vai soar mais equilibrada. Isso pode ser feito atenuando as frequências mais graves e elevando levemente as frequências médio agudas. Caso o som fique muito brilhante, basta atenuar as frequências agudas e está resolvido.
Uma boa dica, também, para uma boa sonoridade de chimbal, é usar um plugin para fornecer uma abertura no som. Como, por exemplo, o Width, nativo do Reaper. Com ele, você consegue chegar a uma sonoridade mais espacial e abrangente.
Em seguida vamos à compressão. Nesse caso, não são necessários muitos ajustes. Uma compressão leve vai soar bem na Mixagem do chimbal. Caso você sinta que ele não está muito presente, basta aumentar um pouco o ganho para melhorar a saída.
Por fim, basta adicionar os efeitos de ambientação desejados. Mas, cuidado para não exagerar nos reverbs, pois isso pode atrapalhar o som como um todo, já que o som agudo do chimbal vai ficar reverberando ao fundo.
7. Overheads – Hora de trabalhar com os pratos e acessórios
Os overheads são quase a cereja do bolo na Bateria. Essa é uma etapa relativamente simples da Mixagem, pois você realizará, basicamente equalização e compressão, já que os pratos da Bateria, por si só, já são efeitos.
No caso da equalização, um corte das frequências graves é uma boa opção para um som mais aberto. Esse tipo de equalização é bastante usado no Rock, mas serve para qualquer estilo. Mas, siga seus ouvidos e a sua referência.
Se sentir que os pratos ficaram sem vida e quer ter mais peso, basta ir elevando as frequências mais graves e sentindo o som. Diminuir os graves nos overheads também serve para diminuir o som das outras peças que, inevitavelmente, serão captadas pelos microfones.
Feita a equalização, é hora de comprimir. Um ataque mais rápido nesse caso é uma boa opção para controlar os picos. Release mais lento vai valorizar mais o som dos pratos que, naturalmente, soam por mais tempo que as demais peças da Bateria. Por fim, só falta ajustar o ganho para chegar à presença desejada.
Quanto aos efeitos, a ideia é que sejam leves, pois os pratos já soam de forma mais prolongada. Sendo assim, exagerar no reverb e delay pode causar problemas na Mixagem. Sem contar que ainda tem a captação de sala que também tem o som dos pratos com a reverberação natural do ambiente.
8. Sala – Última fase da Mixagem, será?
Bom, a sala é a ultima parte captada na gravação de bateria. No entanto, ainda não chegamos ao fim da Mixagem. Mas, vamos seguindo por aqui.
A sala é a parte da bateria que capta o geral do ambiente. Aqui vamos ter todas as peças soando juntas então pode parecer complicado fazer a mix, mas não é. Há casos, inclusive que um simples ajuste de volume já resolve.
Mas, podemos sugerir alguns pequenos ajustes na equalização. Um corte de graves vai fazer o som da sala ficar mais leve, sem muito ataque das peças como bumbo e caixa. A ideia aqui é ter uma ambientação natural.
É bem pouco necessário acrescentar reverbs e delays à Mixagem da sala. Mas, caso sinta necessidade, pode adicionar discretamente esses efeitos. Um som ideal de sala deve ser natural, sem que fique se sobressaindo à Mixagem como um todo.
9. Mixagem da Buss da Bateria – Agora sim, a cereja do bolo
Depois de realizar a Mixagem e os ajustes de cada peça da bateria, é hora de ouvir tudo junto. Certamente, o som vai estar muito melhor do que o que estava logo após a gravação. No entanto, alguns ajustes ainda são necessários para que tudo fique homogêneo.
É aí que entra a Buss de compressão que criamos lá no início do processo. Como tudo já foi direcionado pra ela, basta ativar o compressor e ajustar. Com isso, tudo vai soar coladinho como um único instrumento.
Nesse passo, vamos ajustar a dinâmica geral da bateria, comprimir os picos e adicionar um pouco de ganho para quando os outros instrumentos entrarem na mixagem. Basta ouvir e ajustar o compressor à sua maneira. Se estiver soando bem, então está tudo pronto. Mixagem de Bateria finalizada com sucesso.
Bônus – Compressão paralela
Bom, finalizamos o processo de mixagem no item anterior. Mas, temos uma ótima dica para você melhorar ainda mais a sua Mixagem de bateria, a compressão paralela. É algo bem simples, mas que fará muita diferença.
A compressão paralela vai ser criada como um efeito à parte, assim como foram criadas as Busses de reverb e delay. Crie uma track de receiver e adicione um compressor à sua escolha. Uma boa opção é usar um compressor analógico ou um plugin que simule um.
Em seguida, basta enviar as peças da bateria como send, assim como foi feito para os reverbs e delay de cada peça. Depois disso basta ajustar o volume da mandada para que não fique exagerado.
Nessa track, a compressão pode ser bem mais forte e acentuada, pois o controle será feito pelo volume do send. Pronto, sua Mixagem de Bateria está ainda melhor com um recurso simples e prático.
Considerações finais
Como falamos no nosso guia completo e no início desse post, a Mixagem é uma arte. Assim como as outras artes, é necessário ter dedicação e disciplina para se desenvolver. As técnicas podem ser sempre melhoradas e aperfeiçoadas e a prática é o segredo.
Com esse passo a passo, você poderá ter um bom resultado na sua Mixagem de Bateria. Mas, podemos oferecer mais. O conhecimento é a chave para o desenvolvimento de qualquer atividade e com a produção de áudio não é diferente. Ter conhecimento e colocá-lo em prática é infalível quando se busca bons resultados.
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